sexta-feira, 13 de julho de 2012

Sobre melão e presunto


Agora vamos falar de coisa boa: alimentação!

A culinária francesa é super conhecida pela sofisticação e sabor. Mas e no dia-a-dia? O que os franceses comem durante os momentos de informalidade (ou pouca formalidade)? Escargots? Foie Gras? Pas du tout!

Estudo de caso: bandejon e famille d’accueille

Observei atentamente o que é oferecido em casa e na faculdade para citar o que se aproxima e o que se afasta do cotidiano brasileiro. A começar pela graciosidade do bandejão (cantina)!

Bandejão: Todo dia temos 3 opções de pratos principais – sendo um vegetariano. Além disso, sempre há pizza e uma espécie de hambúrguer, para aqueles mais gastronomicamente tímidos. Além do prato principal, pode-se escolher mais 2 potinhos, entre as variedades de: entradas, queijos, sobremesa e refrigerantes (esse é servido no copo). E você ainda tem direito a rodelinhas de baguete para acompanhar. Ou seja, só passa fome quem quiser!

A pergunta que não quer calar é: ok, temos muitas opções e tal, mas e ai? São comíveis??

Salmon, Filé de merluza, batatinhas noisette, peito de peru empanado, coxa e sobrecoxa de frango, ratatouille, macarrão a bolonhesa, ervilhas, bife, lentilhas, empadão vegetariano, mousses, tortinhas, salada de frutas, queijo brie, queijo rockeford, queijos que eu não sei o nome, saladas diversas – tudo para você se dar bem!

Uma refeição padrão sai pela bagatela de 3 euros!

Em casa: Já tivemos diferentes níveis de formalidade, desde o lanchinho da noite por que não havia nada pronto, até o jantar formal com 5 estágios.

PS: Estou hospedada com uma família francesa padrão (pai, mãe e duas filhas – excelentes pessoas por sinal).

O café da manhã é praxe, pãozinho com manteiga e leite com nesquick, com o adicional de crepes amanteigados ou com nutella (massa pronta do super mercado, é uma delicia!!!).

Almoço e jantar de boa também, lasanha, macarrão, salsisha com arroz, ratatuille, frango xadrez. A bebida que acompanha é sempre água – e eles utilizam bastante a máquina de bolhas para transformar a água plate em água gazeuse. E todo dia há sobremesa!

Às vezes somos pegos de surpresa com Galettes (\o/), e devo dizer que galette de salmão é uma coisa deliciosa! Em 5mim (com a massa pronta do supermercado) faz-se galette de: ovos, presunto, queijo, salmão, e todas as combinações possíveis entre eles.

Do almoço formal de 5 estágios, ressalto o aperitivo: champagne, acompanhado de amendoins, champignons no palito, chips de vegetais e tomates (???). E a entrada: bolinho de pepino encapsulado por salmon defumado – acompanhado de um bom vinho branco. Depois vinha prato principal, saladas/queijos e a sobremesa.

Porque melão e presunto???? Quando fomos a um restaurante high society em data comemorativa, uma das pequenas meninas pediu um prato cuja entrada era um grande pote de melão com presunto. Gente, melão com presuntooooooo!!!!!! E ainda me disse que estava bom.... ÔO

sábado, 7 de julho de 2012

Soirée Brésilienne à Carquefou


E qual não foi a minha surpresa quando, logo que eu cheguei aqui, em uma caminhada pelo centro de Carquefou – cidade pequenina que eu habito ao norte de Nantes – Anita me disse que haveria uma soirée bresilienne bem ali no fim de semana. Soirée bresilienne nesse caso é um evento veranil na praça para o convívio da comunidade. 

O tempo aqui não anda muito acolhedor, estamos no estilo chove-sol-chove-nuvem-chove-vento desde que eu cheguei. Então não esperávamos que estivesse muito cheio, mas como boa família nantaise, que não teme a chuva, fomos faire la fête.

Eles montaram fofamente um espaço do tamanho de uma quadra pequena de vôlei cheia de areia, com cadeiras de praia, brinquedinhos de praia, bola de praia e essas coisas temáticas que ocuparam bastante as crianças.

Em um espaço coberto havia um monsieur servindo caipirinhas geladas (claro que eram pre-prontas), e do lado uma mesa de gostosuras. Entenda que nesse momento gostosuras são: pão de queijo, salgadinho, salada de frutas e feijão tropeiro!!!! Siiimmmmm... feijão tropeiro no copinho. Não sei da onde veio, mas comi o suficiente porque nunca se sabe quando o verei novamente! Tive a nítida impressão que o cozinheiro de Carquefou é mineiro...

A família francesa apreciou bastante a caipirinha e o feijão, mas não tanto quanto o forró! :o

Uhauhauhauhauau A escola de dança de Nantes tem aulas de forró, e eles organizaram um pequeno workshop de forró na praça. Foi ótimo porque os nativos realmente encararam o desafio. Foi tipo uma lambaerobica, todo mundo seguindo as instruções do un deux trois cinq six sept (ninguém entendeu porque pulavam o quatro na conta dos passos).

Obviamente eu participei, não sou do tipo que perde essas oportunidades inesperadas. E os alunos do curso de dança daqui estão em um bom caminho, mas falta aquela coisa toda né... é muita formalidade francesa para dançar forró!

Quando enfim parei de dançar, já não fazia mais frio em Carquefou! =D

Esse negocio de França é sempre muito imprevisível!!!

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Vinho, ping-pong e salada


Acordei, ou melhor, fui acordada por volta de meio dia aqui (que são 7h no Brasil) – porque como vim a descobrir mais tarde, as meninas da casa acharam que eu jamais me levantaria. E fui privada do café da manhã com a informação de que teríamos visita para o almoço dali a pouco.

As visitas eram amigos de trabalho da Anita, dona da casa, que viriam para um campeonato de ping-pong, seguido de um pic-nic. Minha primeira questão foi: onde eles vão jogar ping pong??? Mas era obvio que havia uma mesa dobrável super portátil na garagem, ela fecha no meio e fica com a finura de 20cm, além de ter porta raquetes e porta bolinhas acoplados!!! :o

O campeonato era seriedade pura entre os 4 jogadores, com os pontos anotados e tudo. Foi um todos contra todos, e quem vencesse mais partidas ganhava – fiquei sem saber qual era o prêmio, por que achei indelicado perguntar, talvez não fosse nada mesmo! O bom foi que a partir da segunda partida todos os erros eram justificados pelo vinho. Sim... Vinho Rosé, excelente por sinal!!!

Vinho muito muito suave, bem levinho, muito gostoso mesmo – havia recebido recomendações de provar quando viesse a frança. Eles tem uma pequena adega na garagem com um numero razoável de garrafas. Acabar o vinho aqui deve ser sacrilégio sériooo.

O almoço foi uma espécie de pic-nic, cada um levou algo para comer – tipo um sanduiche, um pacote de presuntos, biscoitinhos, e por ai vai. Os anfitriões ofereceram a salada com batata chips..... batata chips? Na salada? Bom... é..... Comi também e bastante, pois a próxima refeição pode sempre demorar demais. Foi divertido!!!

Sobre malas e despedidas


O mês que precede a ida é um mês difícil. É aquele momento que você está aqui, mas suas atividades giram em torno de estar lá. São os tais preparativos de partida.

E ai eu passei mais ou menos um mês me despedindo gradualmente da família, dos amigos mais afastados e depois dos próximos. Foi divertido, mas não é fácil conciliar final de período com despedidas. A minha prioridade acabava sempre pendendo para as despedidas, e o final de período deixou um pouco a desejar – quer dizer, por conta disso o período ainda não acabou, faltam alguns trabalhos, algumas pendencias, aquela coisa toda se arrastando um oceano atrás de mim.

Os amigos foram impecáveis! Tive direito a festa surpresa de despedida, vôlei de despedida, almoço de despedida, outback de despedida, festa do pijama de despedida, bandeira de despedida e muitas outras coisas!

Tem a situação estranha de que de repente tudo mundo pensa em te visitar. Todos, salvas algumas poucas exceções, pretendem aproveitar o meu clima de viagem para programar seus passeios pela Europa também. É um estalo que dá nas pessoas de que nem é tão difícil assim fazer o turismo europeu. A estes eu digo: venham mesmo!!! Estarei aqui de bobeira! ^.^

As malas, essas sim ficaram à margem da situação. Passaram meses na sala esperando uma atençãozinha que fosse, mas todo mundo sempre sabe que é nos últimos 3 dias que elas tem o seu momento. Agora somos só nós: eu, a mochila, a mala 14kg e a mala 20kg – só isso porque eu achei que não aguentaria mais peso, e porque a Mari viria atrás de mim me puxar pelos cabelos se eu levasse mais.

Obs: Escrevi esse texto no tempo vago de aeroporto, e agora já em casa, devo fazer uma correção: “somos só nós: eu, a mochila e a mala 14kg – a mala 20kg sentiu a pressão e se extraviou em Paris, espero que esteja a caminho.... ¬¬”

Apresentação


Quando estamos prestes a embarcar em uma jornada que será por muitas vezes solitária, devemos buscar um modo de compartilhar isso com quem se importa – talvez só nós mesmos nos importemos, ou talvez mais meia dúzia de amigos. Optei por afogar as mágoas e potencializar os momentos de alegria e descoberta por aqui.

Meu nome é Gabriela Laport, e ontem embarquei para a França, que será a minha casa pelos próximos dois anos. Vou estudar, o mesmo que fazia no Brasil, dar sequencia a minha faculdade, tentar conseguir um duplo-diploma, essas coisas de sempre... A única diferença é TUDO.

Faço engenharia ambiental na UFRJ, farei em breve engenharia na École des Mines d’Alès. Esses dois primeiros meses – julho e agosto – habitarei em Nantes, cidade grande, dizem que é divertida, onde ficarei falando francês dia e noite e me acostumando ao oceano que me separa da minha realidade anterior.

Aproveitem a viagem!!! =D